Quais os efeitos o Bullying podem causar?
Como reagem as vítimas passivas?
Como reagem as vítimas provocativas?
Bullying na Educação de Superdotados, definição e intervenção.
Quais são os efeitos que o
bullying pode causar aos superdotados?
O bullying é uma forma perigosa de
abuso entre pares que tem consequências graves para todos os envolvidos nos
diversos contextos sociais. Os efeitos que esta prática de violência pode causar são variados, desde depressão a casos como o suicídio.
Conforme o importante pesquisador
norueguês Dan Olweus, um estudante sofre bullying quando é exposto,
repetidamente e ao longo do tempo, a atos intencionais de abuso físico,
emocional ou verbal (Olweus, 1993).
Para as crianças superdotadas o
bullying pode ter um efeito mais nefasto em decorrência da sua intensidade
emocional, entre outras questões que envolvem seu desenvolvimento socioemocional
(Piske e Kane, 2018; Peterson e Ray (2006).
Piske (2013, 2016, 2018) aponta
algumas características das crianças superdotadas, a autora salienta que estas
crianças costumam ter profundidade e intensidade emocional incomuns, sensibilidade
ou empatia pelos sentimentos dos outros.
Além disso, superdotados podem
apresentar grandes expectativas de si mesmo e dos outros, muitas vezes levando
a sentimentos de frustração, entre outras características (NAGC, 2020).
Ressalta-se
que o bullying pode ser direto ou indireto. Por exemplo, o bullying direto
acontece quando há socos, empurrões, brigas, provocações, xingamentos, gestos
obscenos e ameaças verbais.
O
bullying direto tende a aumentar durante os anos do ensino fundamental, atingindo
o pico durante o ensino médio (Guilbault, 2008).
Em
contrapartida, o bullying indireto ocorre quando há boatos, fofocas e formas de
excluir alguém de seu grupo social (Guilbault, 2008).
Peterson e Ray (2006) apontam que as vítimas passivas do bullying tendem a:
Ser excluídas de atividades sociais;
Ficar quietas, cautelosas e sensíveis;
Ser inseguras, ter falta de confiança;
Ter medo de se machucar;
Mostrar sensibilidade emocional elevada;
Preferir se relacionar com crianças mais velhas e adultos do que colegas em idade cronológica;
Relatar que elas têm poucos amigos; entre outras características (Davidson Institute, 2020).
Já, as vítimas provocativas
tendem a:
Ser hiperativas, inquietas, ter dificuldade de concentração;
Ser temperamentais, tentar lutar ou responder quando se sentem insultadas;
Ser desajeitadas ou imaturas;
Ter dificuldade em ler sinais sociais;
Ser ativamente antipatizadas pelos adultos, incluindo seus professores;
Apresentar alguns problemas acadêmicos;
Intimidar alunos mais fracos;
Ter baixa autoestima;
Ser fisicamente mais fracas do que seus pares;
Ter dificuldades para escrever ou ler; entre outras características (Davidson Institute, 2020).
E o que os professores e famílias podem fazer quanto ao bullying?
Os professores, assim que perceberem
alguma atitude relacionada ao bullying, podem conversar com os estudantes
envolvidos para que esta intimidação logo acabe.
Se a conversa não adiantar, é
importante que os professores comuniquem a gestão da escola e as famílias dos
estudantes envolvidos sobre o bullying que está acontecendo.
Em relação às atitudes que as famílias podem apresentar para evitar o bullying, Guilbault (2008) aponta algumas dicas a seguir:
Pergunte diretamente ao seu filho se ele foi intimidado;
Incentive seu filho a manter contato com alunos amigáveis em suas aulas;
Ensine seu filho a buscar ajuda com segurança de um adulto de confiança
na escola;
Discuta a diferença entre fofocar e contar;
Ensine seu filho a nunca andar sozinho em áreas onde ocorre o bullying;
Converse com seu filho sobre lugares seguros onde obter ajuda;
Ouça as preocupações do seu filho e as valorize;
Motive seu filho a encontrar soluções possíveis e pergunte como você pode ajudá-lo ou apoiá-lo;
Dê um exemplo de resolução de conflitos apropriada em casa; entre outras atitudes que poderão ajudar no combate ao bullying.
Como especialista, afirmo que tanto
os professores, como as famílias devem ser exemplos de atitudes de respeito e
solidariedade para as crianças. Qualquer atitude relacionada ao bullying deve
ser banida.
Para que isto ocorra, é necessário
que haja muita conversa e aconselhamento. O trabalho em conjunto entre escola e
família é essencial para combater o bullying.
Referências:
- Davidson Institute (2020). Bullying and Gifted Learners. https://www.davidsongifted.org/search-database/entry/a10854
- Guilbault, K. (2008). Bullying and gifted learners. Gifted Education Communicator, 39(2). Available from davidsongifted.org
- NAGC (2020). Common Characteristics of Gifted Individuals. https://www.nagc.org/resources-publications/resources/my-child-gifted/common-characteristics-gifted-individuals
- Olweus, D. (1993). Bullying at school: What we know and what we can do. NY: Blackwell.
- Peterson, J.S. e Ray, K.E. (2006). Bullying e os superdotados: Vítimas, perpetradores, prevalência e efeitos. Gifted Child Quarterly , 50 (2), 148-168.
- Piske, F. H. R. (2013). O desenvolvimento socioemocional de alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD) no contexto escolar: contribuições a partir de Vygotsky. Dissertação de Mestrado em Educação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba/Pr.
- Piske, F. H. R. (2016). Alunos com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD): como identificá-los? In F. H. R. Piske, T. Stoltz, J. M. Machado & S. Bahia (Eds.). Altas habilidades/Superdotação (AH/SD) e Criatividade: identificação e atendimento. (pp.249-259). Curitiba, Juruá.
- Piske, F. H. R. (2018). Altas habilidades/superdotação (AH/SD) e criatividade na escola: o olhar de Vygotsky e de Steiner. Tese de Doutorado em Educação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Juruá.
- Piske, F. H. R. & Kane, M. (2020). Socio-emotional development of giftedstudents: educational implications. In F. H . R. Piske, T. Stoltz, E. Guérios, D. Camargo, A. Rocha, C. Costa-Lobo (Eds.). Superdotados e Talentosos: Educação, Emoção, Criatividade e Potencialidades. Curitiba, Juruá.